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 aprendendo através 

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Aprender através é tirar proveito de cada situaçãocada acontecimento e cada descoberta. Aprender através é, em última instância, não fetichizar o saber. É a prática crítica diária para si e para o mundo. Aprender através é fazer uso do que se aprende para transformar a forma como se vive, se faz, se produz, se relaciona.

Aprender através é aprender com o mundo e se alterar. E nessa alteração, alterá-lo. Pois não há separação entre um e o todo. Quando propomos aprender através de arte, nunca é apenas sobre arte. Pois podemos aprender através de absolutamente tudo.

E como diz a canção: ainda é cedo para não tentar”.

 

Tentemos juntos.

Atualizado: 30 de jan. de 2024

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Da esquerda para direita: Antonio Gramsci, Milena Paulina, Ailton Krenak e Leyla McCalla

Tempo. Tema, conceito, abstração, medida.

Tempo. Esperança, desespero, sublimação, ferida.


O tempo, nosso tempo, e o tempo da vida foram mexidos. Alterados. Trocados, editados e cessados. As transformações e imposições daqueles sem rosto, ou mesmo daqueles cujas faces estão por todos os lados, seus antigos e novos sistemas de poder foram implacáveis conosco. E com nosso tempo.

Em meio às mais complexas capacidades tecnológicas, de investigação, produção e registro que tivemos notícia, onde o saber e a magia se beijam em queda livre, nosso tempo nos mostra a crueldade e incapacidade destes sistemas de poder em manter e preservar a vida. De garantir dignidade. De viver relações saudáveis. De viver.


Antes mesmo de falar em fruição, devo dizer que a manutenção e inovação destes sistemas de poder precisam e sempre irão precisar de cada vez mais - e maior - controle.

O controle e engenho destes sistemas de poder roubam nossos tempos. Todos que puder: de nosso tempo de vida ao tempo de nossa morte. Rouba nosso tempo de vida e o tempo da morte. E NOSSO tempo, enquanto marco coletivo.


Nossos tempos e espaços, mexidos e cada vez mais lapidados por estes sistemas, querem o que sempre buscaram. Mas agora, em novas proporções, áreas, formas e lugares. E esses sistemas de poder, como acumuladores que são, buscam cada vez mais corpos, territórios, ferramentas e formas de dominação para que se mantenham perpétuos. Fazem e farão uso de todo o seu poder. De toda sua estrutura. De toda sua riqueza. De toda sua influência. E também das vidas, da continuidade, tempo e garantias de quem for em nome de seu maior desejo: ser perpétuo.

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Os perpétuos Sonho e Morte. Sandman. Netflix, 2022.

Ora, nossos registros no tempo já representaram e registraram uma clara figura destes sistemas: o vilão megalomaníaco que persegue a dominação mundial. Ou mesmo aqueles que sacrificam quantas vidas forem necessárias para obter a vida eterna. Para tentar perpetuar-se.


E, para tal perpetuação, nossos tempos sacrificados, massacrados. Para que se produza cada vez mais. Sob condições cada vez mais adversas. Piores. Precárias. Pouco a pouco, esses sistemas e seus representantes se reinventam e nos consomem.


A intensificação da exploração do trabalho, a piora nas condições de vida, de produção e a aceleração desenfreada dos tempos, somadas à escalada para a total mercadorização e financeirização do viver é mais do que um sinal. São os sintomas mórbidos, as dores do parto de um novo mundo que ainda não nasceu, como já diria Antonio Gramsci.

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Obra: O velho mundo esta morrendo. O novo demora a nascer. Nesse claro-escuro, surgem os monstros. Alfredo Jaar, Exposição "Lamento das Imagens", Sesc Pompéia, 2021, FOTO: Alfredo Jaar

Mas o que a acumulação desenfreada, as desigualdades e a exploração de nossos tempos tem a ver com Arte? Tudo, talvez.


Aqueles e aquelas a quem chamo de artistas, são aqueles e aquelas que sentem e colocam a pulsão (cri)ativa no mundo. Existem artistas da sobrevivência. Que encontram na capacidade criadora, mecanismos e formas de viver e sobreviver frente à hostilidade do real.


Existem artistas que registram sentimentos e nossa existência no mundo em diferentes linguagens. Existem artistas que nos colocam em contradição, e outres artistas que fazem uso das contradições para redescobrir o passado e imaginar outros futuros. Existem artistas que não são vistos no espetáculo da vida. Artistas que garantem que os demais sejam e existam. Artistas existem. E estão por toda parte.

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"Em 2017, pude aprender com Vera que a potência pode não estar nas respostas, mas sim nas perguntas" São Paulo, Outubro de 2019

Vera Barros - coordenadora do Educativo do Festival de Arte Contemporânea SESC_VídeoBrasil - e uma das dezenas de pessoas responsáveis pelo anseio e pulsão de que aprendêssemos através do que existe, sempre perguntava: “tu é artista?”. Ao final de cada conversa, de crianças, jovens aos mais velhos. De passantes a regulares, retos e circulares, a certeza: somos.


Precisamos retomar nossos tempos. Clamar os futuros. Incendiar a gana e o desejo. Fazer uso do que já existe para criar o que ainda não existe. Mas, o tempo em si não é o suficiente. Ao falarmos de tempo, implica no tempo e no espaço, elementos indissociáveis na unidade cósmica.


Precisamos de espaço no tempo. Para recuperar e transformar nosso tempo. Pois afinal, a produção - seja da vida ou da arte - é e sempre foi uma tarefa coletiva.


Artistas de todos os cantos, uni-vos!



Para assistir: Lamento das Imagens, de Alfredo Jaar. Sesc Pompéia (2021)




Para ler: VIEIRA, Euripedes Falcão. “O tempo-espaço: ficção, teoria e sociedade”. Cad. EBAPE.BR, Ago/2003

 
 
 

Atualizado: 30 de jan. de 2024


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Na imagem: a mangaká Hiromu Arakawa, o educador Paulo Freire e o comunicador científico Carl Sagan

Este portal nasce como o desenvolvimento de sínteses que transbordam. E transbordam de um balaio de processos formativos. Processos perpassados pela universidade pública, teoria e pesquisa. Por partidos, sindicatos e organizações. Pela gestão da coisa pública, espaços de formação e equipamentos culturais. Por arte, artistas, educadores, professores, alunos e jovens de cada ponta dessa cidade. Em todos eles, uma constante que se realizava tanto pela sua potência transformadora quanto pelo apagamento de seu brilho, ainda que esta fosse a demanda mais fundamental em todos estes espaços de trânsito. A formação. E o entendimento de que ele está necessariamente vinculado à todas as tarefas, trabalhos e processos dentro de todos estes lugares.


Compreender processos de forma totalizante pode ser um caminho para inúmeras transformações. Isso é válido tanto a nível individual, quanto a nível familiar, coletivo, nacional, global. O sentir também é dialético. E suas condições são materiais. Entender as camadas de complexidade, verificar historicamente e dialogar em busca de sínteses podem ser valiosos instrumentos para percepção crítica de processos. A compreensão de condições, sua história e relações pode elucidar tanto sobre nossos medos, anseios, dúvidas e sofrimentos quanto as opressões que nos esmagam. De fato, estas estão em grande medida interligadas.


Paulo Freire, ao escrever sobre o ato de estudar, afirma que tal ato exige de quem o faz uma postura crítica e sistemática. E que tal disciplina intelectual “não se ganha a não ser praticando-a” (FREIRE, 1981). E na busca por fomentar a disciplina intelectual crítica, proponho a forma mediação enquanto uma possibilidade socialização e construção de sujeitos agentes da produção de conhecimento.


É possível apreender a realidade e aprender sobre o mundo tratando sobre um vastíssimo leque de assuntos, temas e/ou situações. E isso é possível pelo fato de que todos os objetos, seres, instituições, fenômenos e coletividades são sínteses de múltiplas determinações históricas. De condições e relações sociais. E por elas somos inevitavelmente atravessados. Pelo entendimento de que “a estrutura e mobilidade do acontecer ligam-se ao ser” (MARCUSE, 1968).


Carl Sagan em seu livro e série Cosmos (1986), fala sobre a penalidade da projeção. E de fato, há inúmeras penalidades ao projetar a forma como se vê o mundo. Daí a necessidade em conhecê-lo de forma totalizante. Quanto mais texturas de complexidades, maior e mais definidas são as formas de pintura do mundo.



Tenho me apropriado - tanto no trabalho de pesquisa quanto na atuação com Arte Educação - da elaboração de Martin César Feijó sobre cultura para trabalhar com propostas de difusão e produção de atividades culturais, por reconhecer sua potência em processos formativos e de de reordenamento do sensível individual e coletivo. Em seu livro “O que é Política Cultural” de 1983, Feijó esclarece:


“Toda vez que ler a palavra cultura neste livro, ela será entendida como toda produção voluntária, individual ou coletiva, que vise com sua comunicação à ampliação do conhecimento (racional e/ou sensível) através de uma elaboração artística, de pensamento ou de uma pesquisa científica. (1983, p.8)

A noção de cultura proposta por Feijó reverberou e reverbera uma série de reflexões que desembocam no momento em que você lê este texto. Aprender através é, afinal, tirar proveito de cada situação, de cada acontecimento e cada descoberta - aprender com cada uma delas.


Aprender através é, em última instância, não fetichizar o saber e conhecer. É a prática crítica diária para si e para o mundo. É fomentar e realizar atividades culturais. Aprender através é fazer uso do que se aprende para transformar a forma como se vive, se faz, se produz, se relaciona. Aprender através é aprender com o mundo e se alterar. E nessa alteração, criar condições para alterá-lo. Pois não há separação entre um e o todo. Como nas palavras eternizadas pela mangaká Hiromu Arakawa: “um é tudo e tudo é um”.




Busco nessa proposta-empreitada o exercício da reflexão como uma tentativa de desvendar as potencialidades do saber através de procedimentos de pesquisa, de mediação e curadoria num processo de apreensão de si. De apreensão do mundo. Onde, através do conhecimento possamos, de forma coletiva e autodeterminada compreender como as múltiplas camadas da vida social nos afetam. E como as afetamos. Agentes do saber e da transformação. Como nos condicionam para que seja possível pensarmos maneiras de condicioná-las. De que desse processo possamos apurar nossa compreensão.


Leon Trotski, em seu livro Literatura e Revolução afirma que:

“Os homens preparam os acontecimentos, realizam-nos, sofrem os efeitos e se modificam sob o impacto de suas reações. A arte, direta ou indiretamente, reflete a vida dos homens que vivem ou fazem os acontecimentos. Isso é verdadeiro para todas as artes, da mais monumental a mais íntima.” (2007, p. 35)

Quando digo para aprendermos através de arte, nunca é apenas sobre arte. Quando digo para aprendermos através de ciência, nunca é apenas sobre ciência. Pois podemos aprender através de absolutamente tudo. E como diz a canção: “ainda é cedo para não tentar”.




Deixo aqui o convite para que tentemos juntos.


Com carinho, Tamires Menezes São Paulo, 09 de Agosto de 2020


Referências, links adicionados e citações:


Ana Mae Barbosa. "Arte não se ensina, contamina-se pela arte". Canal Sesc São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ROz0EPOdkc0


Carl Sagan. Cosmos. Editora Gradiva, São Paulo, 1984.


Dingo Bells. "A sua sorte". Todo mundo vai mudar, 2018. Composição: Diogo Brochmann, Fabricio Gambogi, Felipe Kautz, Rodrigo Fischmann e Marcelo Fruet.


Paulo Freire. "Considerações em torno do ato de estudar". Em Ação Cultural para a Liberdade, Editora Paz & Terra, Rio de Janeiro, 1981.


Herbert Marcuse. “Contribuições para a compreensão de uma Fenomenologia do Materialismo Histórico”. Em Materialismo Histórico e Existência, Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1968.


Hiromu Hirakawa. "Volume 6". Fullmetal Alchemist, 2003.


Leon Trotski. Literatura e Revolução. Jorge Zahar Ed., Rio de Janeiro, 2007


Martin Cezar Feijó. O que é Política Cultural. Editora Brasiliense, São Paulo, 1983.

Sabrina Fernandes. M de Materialismo Histórico. Canal Tese Onze, 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cKOaLaTJKAU












 
 
 
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