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 aprendendo através 

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Aprender através é tirar proveito de cada situaçãocada acontecimento e cada descoberta. Aprender através é, em última instância, não fetichizar o saber. É a prática crítica diária para si e para o mundo. Aprender através é fazer uso do que se aprende para transformar a forma como se vive, se faz, se produz, se relaciona.

Aprender através é aprender com o mundo e se alterar. E nessa alteração, alterá-lo. Pois não há separação entre um e o todo. Quando propomos aprender através de arte, nunca é apenas sobre arte. Pois podemos aprender através de absolutamente tudo.

E como diz a canção: ainda é cedo para não tentar”.

 

Tentemos juntos.

Atualizado: 19 de nov. de 2024



Henfil ocupa um lugar de retorno para mim. Mas não apenas para mim. As muitas ciclicidades do mundo, de pessoas, ideias e tendências se tornam e (re)tornam. Retornam pelos ecos que sintetizam. Quando a expressão parte de uma ideia, quando passamos a imaginar imagens, palavras e sons para materializar uma ideia. transcendemos o plano das ideias para o plano material.


A criação, o que Henfil chamava de “desenho” - afinal, esta era a linguagem de expressão de suas ideias-mundo - é um processo de dança entre o material e o ideal. Entre imaginação, a análise e um bocadinho do sonho. Toda imagem imaginada parte do real. Até mesmo o sonho. Não me agrada em nada como quem pensa o mundo e as relações-mundo têm tratado o sonho. E acho que Henfil concordaria comigo, como já disse em carta ao próprio Henfil (que você pode ler e ouvir aqui)


Henfil é uma de muitas provas de retorno. Para além de tudo em que sua produção nos atravessa, na expressão de ideias e sentimentos coletivos. Sem desculpas, sem ressalvas. Papo reto não tem curva, já diria Chorão. E Henfil era do papo reto.


Fosse do Pasquim, nas Cartas para Dona Maria, onde Henfil, como sempre, encontrava brechas para desaguar e ecoar suas indignações, pensamentos frente ao escárnio da ditadura empresarial-militar. Henfil nos atravessou. Por diversos suportes e meios: com ideias e imagens através do desenho, do cartum, da imagem, da palavra, do filme, da voz.


Mas hoje, uma vez mais, faço uso de meu amigo de viagens no tempo e companheiro Henrique de Souza Filho. O rebelde do traço, Henfil. Para trazer uma reflexão sobre talento, criatividade e processos. Resgatando os originais, como já ensinara o querido professor Gustavo Prieto.


O livro-entrevista “Como se faz Humor Político” (2014), lançado em sua primeira edição em 1984, a partir de relatos mediados pelo jornalista Tárik de Souza, possui preciosas ideias e visões de mundo e sobre processos de Henfil. Longe-de-mim ser estraga prazeres ou dar spoilers. Porém convido você e todas, todos e todes os talentos para a audição e leitura dessa “entrevistexto”.


Boa viagem. E bons retornos. Mandem um beijo ao camarada Henfil.

Referências :


Como Se Faz Humor Político / Henfil: Depoimento a Tárik de Souza. São Paulo, Kuarup, 2014.

Joyce. “Opinião”, em Passarinho Urbano, 1976. Composição: Zé Kéti

Glauber Rocha. Programa Abertura. TV Tupi, 1979

Fred Hampton. Discurso Público, 1969

Rosinha de Valença. “Consolação”, ao vivo na Alemanha, 1966. Composição: Baden Powell e Vinicius de Moraes.






Não poderia deixar de compartilhar com vocês hoje. Hoje não. Hoje, 25 de Outubro é um dia que reúne alguns de meus momentos favoritos da história. O mais recente, completa um ano hoje. E o que era uma mediação de documento se tornou essa intervenção, pensada para o aniversário do assassinato de Victor Jara, reúne registros do dia 25 de Outubro de 2019 no Chile.


Deixo com vocês a dose diária de centelhas da esperança, sempre patrocinada pelo camarada Benjamin e produzida com aquele carinho de sempre:


"O dom de despertar no passado as centelhas da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer" - Walter Benjamin. Teses sobre o conceito de história. 1940


11 de setembro, o presidente Allende sai morto de De La Moneda (palácio presidencial) “em uma simples maca, coberto por uma manta boliviana. O rebelde respeitável não teve tempo necessário para viver plenamente sua revolução, mas o teve, ao contrário, para saber morrer um revolucionário”. *


12 de Setembro, o Estádio Nacional não sediaria mais jogos, mas se tornaria prisão de cerca de 40 mil pessoas perseguidas pela Ditadura Pinochet.


Em 16 de Setembro, o cantor, compositor e ativista político Victor Jara é assassinado após prisão e tortura.


A ditadura chilena foi uma das mais sangrentas de seu século. E é a prova de que o povo unido por transformação, dignidade e humanidade é motivo suficiente para que se mate, destrua, esmague. O capital jamais cessará de matar em nome de seus interesses. E este fato tão comprovado pela história não pode ser deixado de lado.


Podem matar um cancioneiro, mas jamais poderão matar sua canção.


Ou o inimigo jamais cessará de vencer.


Em Outubro de 2019 a partir da repressão ao movimento estudantil - em luta contra o aumento das tarifas de metrô e pela gratuidade aos estudantes em Santiago - explode uma onda de atos e protestos contra as mazelas do neoliberalismo ao povo chileno. A Primavera do Chile de 2019.


O presidente Sebastián Piñera acionou as forças armadas do Exército chileno, fazendo uso da Ley de Seguridad del Estado. Em 19 de Outubro, o primeiro toque de recolher em Santiago desde 1987.


E o povo tomou as ruas.

E a canção do cancioneiro vive.





Viva Victor Jara! Viva Allende! Viva Chile!

Viva Latinamerica em luta!


"Alarma, el neoliberalismo es hambruna, muerte y terrorismo

Alarma, el neoliberalismo, prepárate!" (Ska-P - Vándalo)


Saudações socialistas,

Atibaia, 25 de Outubro de 2020


*Fernando Alegría. Retirado do livro “ A paz pelo socialismo”. Editora Brasiliense, 1984.

Atualizado: 19 de nov. de 2024


Viagens no tempo com a Tia Tamy são patrocinadas pelo Governo Bolsonaro: o maior fomentador da morte desde seus coleguinhas - Médici, Geisel e Figueiredo. Ah, não se pode esquecer o embaixador dos vampiros, exímio escritor de cartas, arquiteto de golpes e preparador de terreno para destruição: Michel Temer.


Henfil,


Tô te escrevendo esta carta. Não é igual as outras que te escrevi em segredo. Essa é diferente. Espero que seu filho Ivan não fique bravo comigo. Pensei em pedir para ele: “pô cara, queria fazer isso, teu pai me inspira muito e esse é um momento em que o Henfil faz muita falta na história” coisa e tal. Quem sabe ele leia isso. Não sei. Você não me parecia muito do tipo que pedia licença para falar com alguém. Muito pelo contrário.


Mas é claro, não te conheci. Apenas através da história. E dos livros. E dos companheiros. Conheço tanta gente que esteve próxima de ti. E isso é muito louco. Me sinto perto. Tenho a sensação de que se você estivesse por aqui nos daríamos muito bem. Se você ainda estivesse no partido, com certeza seríamos parças. Mas a vida é muito triste. Tal qual aconteceu contigo - e o Betinho, Chico e tantos mais. Por conta de descasos com a saúde pública que você não está mais aqui, né?


Antes era devagarinho, mas hoje tudo acontece depressa. Até a morte. Os números são assustadores. E ela - a morte - tem vários patrocinadores. No privado, no público, no político. Ah, as corporações! Você precisava ver, Henfil, a maluquice é transnacional agora. E a internet? Vish. É que nem aquele documentário “Geração Riqueza” da fotógrafa Laureen Greenfield, acho que você iria gostar. Ela diz que “está por toda parte - como o ar que respiramos”.


Henfil, tão querendo fazer um bingo com o nosso povo: cansado, explorado, desesperado, encarcerado, morto. Se ticar todos então: “quina,deu aqui!”. O prêmio? Mais dinheiro para os bilionários (é cara, milhão era coisa de lá quando eu era criança na virada do milênio - hoje até trilionário tem por aí). Desde o golpe de 2016 você está por toda parte dando força e toques do passado pra gente. Acho que o Ivan te contou em suas cartas, né?


Sempre tive essa mania de cartas. Escrevia pra todo mundo. E desde que o Igor pesquisou o teu trabalho é como se sempre tivesse te conhecido. Esses dias achei um desenho de uma graúna que fiz num caderninho de mão logo no comecinho de 2019. “Dá sim!”, ela dizia. Vi esses dias no instagram. Doido né? Diário digital. Dá pra colocar música nas fotos. Eu, como não sou besta, vivo colocando os discursos do Fidel (risos).


Tenho lido bastante as tuas coisas. Você e o Betinho - afinal, os dois são meus colegas de profissão e companheiros de luta (mande um abraço para ele, sim?). E tem certa uma coisa na família Souza. Um tal de despertar as centelhas da esperança, que nem dizia o velho Benjamin. Eu sou um papagaio, né? Fico repetindo as coisas. Mas acho que faz parte do trabalho tanto do educador, quanto do cientista - e do humorista também - que é: trazer de volta.


Sabe? O “prestige”. A hora que a piada volta. É tipo isso, Faço muito. Tenho vício. Mas não tem problema - até porque, se tem uma lição que aprendi com os os muros da Cohab II é que “se ninguém te ouvir, escreva!”. Era você que dizia que seu desenho ficava? E ficou mesmo. Por isso te escrevo.


Tá tudo maluco. Mas eu sou maluca. Tem que ser maluco pra sobreviver nesse mundo. Esse tem sido meu segredo. A morte chega e fala “coé menininha” e eu mando ela se lascar. Me cago de medo toda vez, mas mando mesmo assim.


Sempre escrevo pras pessoas quando lembro delas. Hoje tem o zap e está mais fácil. Mas vira e mexe eu separo um tempinho pra escrever pra quem eu gosto. Só não tenho mais onde enfiar papel - o planeta e coisa e tal. Então, te escrevo por aqui mesmo.


Putz! É verdade! Alguém te contou que o Ziraldo tá vivão em pleno 2020? Nem pandemia derruba esse véio - e que sorte a nossa!


Henfil, é isso. Uma hora eu volto a te escrever. Agora tô cheia de coisas para fazer. Mas uma hora eu volto. Tenho uma porrada de cartas e colunas para publicar, mas decidi te escrever primeiro. Afinal, quantas vezes alguma folheada nas cartas para a Dona Maria, no Pasquim ou qualquer outra coisa que tinha dedo teu me deu forças pra continuar nessa empreitada doida de amar e mudar as coisas, né?



Seguimos.

Abraços do futuro,


Tamires Menezes

São Paulo, 21 de Setembro de 2020



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